BREVE HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA LOJA MAÇÔNICA PAZ E HARMONIA
O início da História
O Irmão Antônio Ferreira Sobrinho, fazendeiro, residente na Fazenda “Mãe Joana”, Iniciado em 12/8/1972, Elevado em 2/2/1973, era Maçom, Membro Ativo e Regular na Augusta e Respeitável Loja Maçônica Austeridade e Justiça do Oriente de Sete Lagoas, que trabalhava no Rito Brasileiro e estava jurisdicionada ao Grande Oriente de Minas Gerais, sendo uma das quatro Lojas que se uniram para fundar o Supremo Conclave Autônomo Para o Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos, com Sede em Cataguases, Minas Gerais.
Quando o Irmão Antônio pleiteou a sua Exaltação, houve certa resistência por parte da Diretoria da Loja, devido o fato do Irmão Antônio residir bem distante do prédio da Loja, comprometendo sua assiduidade, ter apenas a frequência regulamentar, tendo o mesmo recebido poucas instruções sobre o Grau de Companheiro. Contudo, sua Exaltação foi realizada em 6/7/1973, após intervenção do Grão-Mestre para que a mesma acontecesse.
O Irmão Antônio Sobrinho continuou sua caminhada maçônica sendo membro regular da Loja, o que o levou a compor uma chapa para eleição de sua Diretoria, em 1982, candidatando ao cargo de Primeiro Vigilante. Infelizmente tal chapa não logrou êxito. Também naquela oportunidade estava acontecendo eleição para o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais, onde uma das chapas concorrentes era encabeçada pelo Irmão Athenágoras Café Carvalhaes, importante Advogado que atuava em diversas regiões do Estado de Minas Gerais e amigo particular do Irmão Antônio Ferreira Sobrinho. Devido as imposições ocorridas na Exaltação do Irmão Antônio, a Diretoria da Loja resolveu apoiar a chapa adversária e a maioria dos Mestres Maçons da Loja Austeridade e Justiça optaram por votarem contra a eleição do candidato Athenágoras, embora sua chapa tenha vencido as eleições.
Após a Cerimônia de Posse, o Grão-Mestre visitou o Oriente de Sete Lagoas, participando das reuniões das Lojas jurisdicionadas, ou seja, da Loja Maçônica General Nascimento Vargas, da Loja Maçônica Atalaia e da Loja Maçônica Austeridade e Justiça. Na visita à Loja Austeridade e Justiça o clima não foi dos mais cordiais, gerando acaloradas discussões e uma repreensão por parte do Grão-Mestre. Posteriormente, a Diretoria da Loja convocou uma Assembleia Geral de seus Membros, onde foi discutida e aprovada a decisão da mudança da Loja para outra Potência e Rito, indo para o Grande Oriente do Brasil e passando a trabalhar no Rito Escocês Antigo e Aceito. O Irmão Antônio Sobrinho, devido a amizade e o bom relacionamento com o Grão-Mestre, optou por não acompanhar a decisão da Loja. Afastou-se da Loja, não filiou ao Grande Oriente do Brasil, ficando temporariamente inativo.
Ao visitar o Irmão e amigo de longa data, na Fazenda “Mãe Joana”, o Irmão Raimundo José de Oliveira tomou conhecimento do ocorrido, lamentando profundamente a situação e, ao retornar à capital, foi até a Sede do Grande Oriente de Minas Gerais, procurou o Grão-Mestre e o colocou a par da situação do Mestre Antônio. De imediato o Irmão Athenágoras entrou em contato com o Irmão Antônio e disse a ele que, de forma alguma, ele iria ficar fora da Instituição Maçônica.
Os preparativos para a Fundação
Nada acontece por acaso. Os bons relacionamentos maçônicos e a grande amizade do Irmão Antônio Ferreira Sobrinho com o ilustre Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais – GOMG, Athenágoras Café Carvalhaes e com o não menos importante Maçom, Irmão Raimundo José de Oliveira, Coronel da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – PMMG, homem de confiança do governador Francelino Pereira, fizeram acontecer e desenvolver a feliz ideia de se criar, em Paraopeba, uma Loja Maçônica. Cresceram os entendimentos entre os amigos e, no calor das discussões sobre o assunto, o Grão-Mestre foi categórico ao Irmão Antônio Sobrinho: “Caro Antônio, vou lhe dar de presente uma Loja Maçônica no oriente de Paraopeba, pode cuidar das providências”.
Movido de grande entusiasmo e de uma natural sensibilidade, própria do caráter progressista do Maçom, e com a responsabilidade de corresponder ao gesto carinhoso e amigo do nobre Grão-Mestre, o Irmão agraciado com a Loja não perdeu tempo, consultou logo alguns amigos e Irmãos Maçons, narrando-lhes o prêmio ofertado pelo Grão-Mestre, enfatizando a grandeza da expressão e da responsabilidade de fundar uma Oficina maçônica no Oriente de Paraopeba.
Irmãos Maçons residentes em Paraopeba assumiram a responsabilidade de auxiliar em tudo para a concretização da nova Oficina. Esses Irmãos acordaram escolhendo o dia do aniversário de 70 (setenta) anos do Irmão Antônio Ferreira Sobrinho, 7 de maio de 1983, para ser a data de Fundação da Loja, como justa homenagem ao grande líder Maçom da região.
Depois da data acertada e o nome da Loja escolhido, a sala principal do prédio da Fazenda “Mãe Joana”, residência de Antônio Sobrinho, foi devidamente adaptada às exigências Litúrgicas e Regulamentares conforme determinam a Constituição e o Regulamento Geral da Ordem para a realização da Sessão Magna de Fundação da Loja Maçônica Paz e Harmonia.
O Ritual adotado foi o Rito Brasileiro que persiste até a presente data. Esta reunião aconteceu às 20 horas com a presença dos Irmãos Antônio Ferreira Sobrinho, Athenágoras Café Carvalhaes, Athenágoras Café Carvalhaes Filho, Raimundo José de Oliveira, Aroldo Costa, Airton de Souza Diltz, Carlos Alves do Nascimento, Ito Abraão, Márcio Marízio de Araújo, Roberto das Graças Silva, Reinaldo Antônio Xavier, Vicente de Andrade e comitiva dos Orientes vizinhos e da capital.
Fundação e Iniciação
O Grão-Mestre, usando das atribuições e privilégios que lhe conferem os Landmarks de números 5, 6, 7 e 8, compilação de Mackey, e nos termos da Constituição, Artigo 59 e do Regulamento Geral da Ordem, Artigo 29, incisos I a V, estando tudo Justo e Perfeito, declarou criada a Loja Maçônica Simbólica Paz e Harmonia, no Oriente de Paraopeba, com sede à Rua Maria Padeira nº 71, centro da cidade. O Irmão Antônio Ferreira Sobrinho foi escolhido e empossado primeiro Venerável Mestre da Loja Maçônica Paz e Harmonia.
Em seguida, a Sessão Magna de Fundação foi transformada em Sessão Magna de Iniciação, uma vez que aguardavam em outro cômodo da casa, quatro candidatos devidamente preparados para serem Iniciados na Loja recém-criada. Os candidatos que receberam a Luz da Iniciação no dia da Fundação foram os seguintes: Geraldo de Jesus Freire, Pacífico Geraldo de Deus, Paulo Antônio dos Santos e Octacyr Tavares dos Santos. Em clima de absoluta alegria e cordialidade seguiram-se as comemorações e congratulações até ao amanhecer do dia seguinte.
A primeira Diretoria e primeiro Quadro
A nova Loja funcionou precariamente na Rua Maria Padeira nº 71, por um período aproximado de sete meses, mas devido a exiguidade do espaço não pode executar nenhuma Sessão Magna de Iniciação, sendo possível executar tais Sessões somente após a sua transferência para a Praça Expedicionário Fernandes nº 140, ficando estabelecida até a construção do Templo próprio na Avenida Rio de Janeiro nº 165, onde se encontra até a presente data.
A sua primeira Diretoria ficou assim composta: Venerável Mestre: Antônio Ferreira Sobrinho; 1º Vigilante: Airton de Souza Diltz; 2º Vigilante: Carlos Alves do Nascimento; Orador: Aroldo Costa; Chanceler-Hospitaleiro: Roberto das Graças Silva; Tesoureiro: Athenágoras Café Carvalhaes Filho; Mestre de Cerimônias: Athenágoras Café Carvalhaes.
Seu primeiro Quadro de Obreiros ficou assim constituído: Antônio Ferreira Sobrinho, Aroldo Costa, Carlos Alves do Nascimento, Roberto das Graças Silva, Airton de Souza Diltz, Márcio Marízio de Araújo, Ito Abraão, Athenágoras Café Carvalhaes Filho, Athenágoras Café Carvalhaes, Octacyr Tavares dos Santos, Pacífico Geraldo de Deus, Paulo Antônio dos Santos e Geraldo de Jesus Freire.
Complementação do Quadro e mudança de endereço
Após sua Fundação e ainda com o Quadro de Obreiros reduzido, o Grão-Mestre autorizou uma Iniciação conjunta com a Loja Maçônica General Nascimento Vargas, em Sete Lagoas, onde foram Iniciados seis novos Irmãos: Alfredo Tibúrcio Braga, Dálzio Cordeiro de Campos, Geraldo Majela Brandão, Maurilio Madalena de Freitas, Waldemar Corrêa e Waldemar Corrêa Júnior, em 17 de dezembro de 1983.
Já na Praça Expedicionário Fernandes, a partir de 22 de janeiro de 1984 e, posteriormente, com o Templo Sagrado, além de diversas Iniciações, Elevações e Exaltações a Loja executou duas Confirmações Matrimoniais. A primeira, do Irmão Gilson do Carmo Mendes da Silva e cunhada Marisa de Cássia Guimarães Mendes, ocorrida em 10 de setembro de 1988 e a segunda, do Irmão Ionides Calixto de Siqueira e cunhada Maria Helena Marques Siqueira, ocorrida em 2 de dezembro de 1989. Essas sessões embora magnas são abertas aos familiares e convidados e representam excelente ocasião para que os presentes tenham a oportunidade de conhecer um pouco da importância que a Maçonaria dá à família. Uma terceira Cerimônia de Confirmação Matrimonial, do Irmão José Geraldo Moreira Filho e cunhada Tânia Mota Sampaio Moreira, ocorrida em 20 de outubro de 1995, aconteceu já no Templo da Avenida Rio de Janeiro nº 165.
Da aquisição do terreno para a construção da Sede própria
A ideia da construção de um Templo próprio era permanente na mente de seus Membros. Assim, apesar do reduzido Quadro de Obreiros, foi tomada a iniciativa de adquirir um lote de terreno para edificação de seu Templo. Como o caixa da Loja não tinha verba para tal investimento, o valor do terreno foi cotizado entre os Membros da Loja e adquirido a preço bastante conveniente do Irmão Pacífico Geraldo de Deus.
Construção da Sede própria
Como é de praxe, para a construção dos prédios maçônicos, o primeiro passo é a formação de uma Comissão composta do Venerável, como presidente, de um Arquiteto, de um Tesoureiro e outros membros. A Loja Maçônica Paz e Harmonia, na gestão do Venerável Octacyr Tavares dos Santos, nomeou o Irmão Geraldo de Jesus Freire, Arquiteto e Tesoureiro e deu início à construção da Sede própria no lote situado à Avenida Rio de Janeiro nº 165.
O lançamento da Pedra Fundamental aconteceu na data de 13 de março de 1988, feito ritualisticamente pelo Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais, Hiroito Torres Lage, acompanhado de diversas autoridades da Potência. Compareceram à Solenidade diversas autoridades maçônicas da região bem como o prefeito de Paraopeba, senhor Bernardo Davi Teixeira, autoridades civis da Comarca e o público em geral, sendo este um grande marco na história da Loja Maçônica Paz e Harmonia, fato indelével e incontestável.
Devido o reduzido número de Obreiros, a Loja não contava com recursos para enfrentar as despesas exigidas pela construção, tendo então o Venerável Octacyr, conclamado aos Irmãos do Quadro para que todos se irmanassem em torno da construção no sentido de levantar os fundos necessários. A luta foi ferrenha e cada Irmão partiu em uma direção, buscando não só junto a Irmãos de outros orientes, bem como a empresários do mundo profano.
Vendas de rifas, criação do Livro de Ouro, onde os doadores alheios ao mundo maçônico tivessem os seus nomes ali gravados, facilitou a adesão de comerciantes e demais empresários. O trabalho dos Irmãos na busca dos recursos foi recompensado porque, o êxito embora um pouco lento, foi obtido, já que, depois de algum tempo a Prefeitura Municipal de Paraopeba, na gestão do prefeito Napoleão dos Santos, reconheceu a importância da Loja e aderiu à causa cedendo pedreiros e serventes, o que veio aliviar um pouco as despesas que ora eram gigantescas.
Sagração do Templo
A construção da Sede própria foi realizada em diversas etapas, sendo a primeira a mais urgente de todas, que seria o Templo, inclusive para que a Loja já de imediato, passasse a reunir na nova Sede e com isto economizar o valor do aluguel que era pago pelo prédio da Praça Expedicionário Fernandes. Enquanto isso as Sessões Magnas eram realizadas no Templo da Loja Maçônica Atalaia de Sete Lagoas, que trabalhava com o mesmo Rito e era jurisdicionada ao Grande Oriente de Minas Gerais.
A conclusão desta primeira fase se deu já na gestão do Venerável Mestre Geraldo de Jesus Freire que, graças ao esforço desmedido de todos os Obreiros, o Templo pôde receber as Luzes da Sagração na data de 10 de junho de 1993, tendo o Ritual sido executado pelo então Delegado do Rito Brasileiro, o Eminente Irmão Pedro Augusto de Matos, membro Ativo e Regular da Loja Paladinos da Pátria, do Oriente de Belo Horizonte, com a presença de comitivas de Maçons não só da capital como de toda a região.
Com o Templo Sagrado e a Ornamentação já bastante evoluída, continuaram-se os trabalhos, em duas fases, sendo os acabamentos do térreo e a decoração definitiva do novo Templo. Aos poucos as obras continuavam. Novas alfaias e aventais foram adquiridos e os Obreiros continuaram com o trabalho de captação de recursos, vendendo rifas e conseguindo doações junto ao comércio e indústria, não só do município como em cidades vizinhas e na capital.
Em seguida, ou seja, com a primeira fase embora não terminada, mas dada como satisfatória, passou-se para a fase seguinte, isto é, a construção do segundo pavimento onde se localiza o Salão de Festas e também a Sede da Fraternidade Feminina Paz e Harmonia, entidade para-maçônica, criada em 29 de julho de 1994. Com as paredes concluídas foi construída uma cobertura provisória composta de madeiras roliças e telhas de amianto.
Pouco tempo depois esta cobertura, devido o empenamento das madeiras, passou a vazar água da chuva, que empossada sobre a laje chegava a infiltrar para dentro do Templo, o que umedecia as paredes trazendo colônias de mofo e, com isto, prejudicando as Reuniões. Um novo telhado em estilo colonial foi construído e o problema ficou solucionado.
Atualmente o prédio da Loja é composto no térreo pelo Templo Maçônico Irmão Antônio Ferreira Sobrinho, Átrio, Sala dos Passos Perdidos Irmão Octacyr Tavares dos Santos, banheiro, Câmara de Reflexões, Secretaria com banheiro, Biblioteca Irmão Lysis Brandão da Rocha e sala anexa; no primeiro andar com o Salão Nobre Paz e Harmonia, dois banheiros, duas salas e o Espaço Gourmet Irmão Nilson Ananias.
Relação de Veneráveis da Paz e Harmonia (1983 a 2024)
Irmãos: Antônio Ferreira Sobrinho, Pacífico Geraldo de Deus, Octacyr Tavares dos Santos, Geraldo de Jesus Freire, Maurílio Madalena de Freitas, Agnaldo José Barbosa, Cláudio Jair Pinto, José Ronaldo Barbosa Benigno, João Eduardo Barbosa Gonçalves, Marco Antônio Menegazzo, Marcos Mendes Malaquias, Gilson do Carmo Mendes da Silva, Darles Costa Freitas, Marcos Mota Sampaio e Júlio César Malaquias.
Texto redigido por Maurilio Madalena de Freitas
Paraopeba, 13 de junho de 2024.